"Refugia-te na Arte" diz-me Alguém
"Eleva-te num vôo espiritual,
Esquece o teu amor, ri do teu mal,
Olhando-te a ti própria com desdém.
Só é grande e perfeito o que nos vem
Do que em nós é Divino e imortal!
Cega de luz e tonta de ideal
Busca em ti a Verdade e em mais ninguém!"
No poente doirado como a chama
Estas palavras morrem... E n'Aquele
Que é triste, como eu, fico a pensar...
O poente tem alma: sente e ama!
E, porque o sol é cor dos olhos d'Ele,
Eu fico olhando o sol, a soluçar...
Florbela Espanca
domingo, outubro 29, 2006
terça-feira, outubro 24, 2006
O continuar de uma longa caminhada...
A vida nem sempre acontece... ou acontece, mas não da maneira que nós mais queremos. Se calhar da maneira que mais precisamos? será?!
De Janeiro até agora a vida aconteceu algures num lugar da minha existência. Aconteceu da melhor maneira?! A esta pergunta muitas vezes respondi que não, mas agora... sim aconteceu da maneira que eu precisava para acordar e para empurrar do meu leito o desânimo e a passividade.
Ontem fui a uma exposição fotográfica onde estavam fotografias de pessoas vivas e das mesmas depois de mortas, junto estava uma descrição dos sentimentos dos últimos dias de vida.
Aquelas pessoas que ali estavam naquela sala estão mortas! Aquele espaço tornou-se um misto de vida e de morte, onde alguns aparentavam uma expressão de sofrimento enorme e outras uma calma tão serena, como se estivessem a dormir...foi um misto místico de sensações que me agradou, fez-me sentir viva!
Dia a dia,
o tempo passa,
os sorrisos saém sem pedirem licença.
pergunto-me porquê?
Sinto que agora sim,
Agora, estou a tornar-me eu!
Consigo sonhar,
Consigo falar,
Consigo escrever,
Consigo aproveitar o tempo comigo mesma!
Consigo encontrar-me no vazio de entretantos e de peças incompativeis.
Ah, que andei eu a fazer-me?!
Um dia talvez conseguirei explicar-me,
explicar o porquê da minha entrega ao vazio...
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